A Pele Atópica é uma doença inflamatória da pele, normalmente designada por Dermatite Atópica ou Eczema Atópico.
A pele atópica normalmente surge na infância e apresenta sintomas como vermelhidão, secura extrema, descamação e prurido.
1: Atopia, o que é?
O termo atopia refere-se a uma reatividade exagerada a vários fatores ambientais.
Quem sofre de atopia reage contra alguns elementos naturais existentes no ambiente, como as poeiras, pólen, pelos de animais, entre outros. Na pele, esta reação traduz-se no aparecimento da dermatite atópica.
A pele atópica é uma doença crónica não contagiosa em que a pele do rosto e/ou corpo fica constantemente seca e irritada, provocando muita comichão.
Este problema na pele apresenta uma evolução ondulante, ou seja, há fases de crises (surtos), mas também há fases sem sintomas (remissão). Na fase de surto, este eczema provoca prurido e produz pequenas vesículas que podem formar crosta e levar à descamação da pele.
As crianças com dermatite atópica podem desenvolver outras doenças alérgicas como a asma ou a rinite.
Esta evolução clínica, ou sequência em que se desenvolvem as doenças alérgicas, é conhecida por Marcha Atópica. O eczema é muitas vezes a primeira manifestação da disposição para a atopia.
2: Pele atópica, quando surge?
Este problema de pele afeta principalmente a idade pediátrica.
Entre cada 10 crianças que nascem, 1 ou 2 têm problemas de pele atópica. É uma das dermatoses mais frequentes na infância e uma das patologias mais comuns numa consulta de dermatologia pediátrica.
60% dos casos surgem antes do primeiro ano de vida e 90% dos casos surgem antes dos 5 anos de vida.
A boa notícia é que se estima que, em 70% dos casos, desaparece na puberdade.
Esta afeção na pele está a tornar-se cada vez mais predominante, particularmente nos países ocidentais e nos meios urbanos.
Ao longo dos últimos 30 anos, os casos têm crescido à volta dos 200-300%.
3: Pele Atópica, quais as causas?
A pele atópica é uma doença que resulta da interação de fatores genéticos e ambientais.
A componente hereditária é muito importante, o que significa que os pais com atopia têm maior probabilidade de ter filhos com pele atópica. Se um pai for atópico há 30% de probabilidade de o filho sofrer da doença. Se os 2 pais forem atópicos o risco sobe para 70%.
Quem tem pele atópica apresenta uma deficiência na barreira cutânea. Esta pele não está protegida, por défice em lípidos ou proteínas (filagrina), a água evapora e a pele desidrata! Assim torna-se mais fácil a penetração de alergenos que provocam reações inflamatórias.
O desenvolvimento do eczema resulta então de uma exagerada reatividade imunitária em que ocorre uma sensibilização a alergenos e a outras substâncias irritantes. Seguem-se alguns exemplos: detergentes , sabões, produtos de banho, vestuário com fibras e muitos outros.
Como a barreira de pele está comprometida, há penetração de substâncias estranhas (ao alergenos) e inicia-se um ciclo de inflamação, eczema e infeção por microrganismos, nomeadamente o Staphilococcus Aureus.
4: Pele Atópica, quais os sintomas?
A dermatite atópica caracteriza-se por prurido cutâneo, que tende a ser recorrente, e a distribuição das lesões no corpo variam com a idade.
As lesões típicas de fase aguda consistem em erupções avermelhadas, formando pápulas ou vesículas, com exsudação e formação de crosta que evoluem, na fase crónica, para lesões descamativas.
Quando surge no bebé a área mais afetada da pele é o rosto, principalmente nas bochechas e na zona naso-labial. As lesões mais comuns são: eritema, exsudação e crostas. Esta dermatite pode, na primeira infância, atingir toda a superfície corporal, mas poupa em geral a região das fraldas.
O prurido intenso provoca nervosismo na criança e dificuldade em dormir, o que também influencia o descanso dos pais. A criança coça-se muito provocando arranhões que chegam a sangrar e a provocar infeções. Habitualmente, no fim do 2º ano os sintomas melhoram de forma mais ou menos gradual.
A partir dos dois anos de vida as lesões na pele surgem preferencialmente nos membros, com particular destaque nas superfícies flexoras (atrás dos joelhos, nos cotovelos, na nuca).
Depois da infância as lesões podem desaparecer totalmente, mas, geralmente, a doença tem curso crónico, com períodos de melhoria e de agravamento.
A partir da puberdade a incidência de Dermatite Atópica diminui, apesar de 20-30% dos pacientes continuar com episódios de eczema. Este eczema é habitualmente crónico e predominam as lesões de pele espessa. As zonas mais afetadas são: a cara, a nuca e as zonas de flexão dos cotovelos, joelhos, pulsos e pés. O prurido é agudo e predomina à noite, o que provoca insónia e cansaço. As lesões podem agravar-se com o suor, o que pode limitar a prática de exercício físico nos doentes.
É comum, após o desaparecimento da dermatite atópica, surgirem doenças como a asma ou rinite.
5: Pele Atópica, como se trata?
Nas fases agudas é necessário, por vezes, recorrer e medicamentos como corticosteróides e anti-histamínicos.
Os cremes com corticosteróides podem suavizar as lesões e controlar o prurido.
Os anti-histamínicos ajudam a controlar a comichão porque também têm efeito sedativo. Como estes fármacos podem causar sonolência, é melhor utilizá-los à noite. Estes medicamentos são sempre prescritos pelo médico após avaliação clínica.
Já existem produtos dermatológicos que também ajudam a controlar as fases de surto como é o caso do produto Eucerin Atopicontrol Acute Fases Agudas.
Não existe cura para a dermatite atópica, mas o cumprimento de certas medidas ajuda a melhorar a sintomatologia.
Uma excelente hidratação é essencial para o controlo da dermatite atópica. Os produtos hidratantes suavizam a pele preenchendo os espaços intercelulares com substâncias oleosas e formam uma película sobre a pele que faz com que diminua a perda de água. Existem produtos hidratantes para o corpo e também específicos para o rosto.
O uso de emolientes corrige a secura cutânea e é uma boa forma de tornar a aplicação de corticosteróides tópicos menos frequente.
O produto hidratante deve ter as seguintes características:
- Fórmula simples.
- Sem perfume.
- Hipoalergénico.
- Com substâncias gordas (para tentar compensar a falha de substâncias gordas de que a pele sofre e ajudar a restaurar a barreira cutânea que se encontra deficitária).
O produto deve espalhar-se suavemente em camada fina para evitar a oclusão da pele lesionada o que agrava o prurido e pode favorecer a infeção secundária. Deve aplicar-se depois do banho ou duche para otimizar a sua atividade. O ideal é aplicar duas vezes por dia.
Existem várias marcas de produtos que são especializadas no tratamento da pele atópica : Eucerin (gama Atopicontrol), Bioderma ( gama Atoderm), Isdin (gama Nutratopic) e A-Derma são exemplos que recomendamos com a máxima confiança.
Nunca esquecer que, mesmo fora das crises de agravamento, a pele continua a necessitar de cuidados diários de hidratação.
No mercado existem várias fórmulas hidratantes e na altura de escolher pode haver dificuldades.
Saiba quais as diferenças:
- Leite: Fórmula indicada para xeroses atópicas moderadas. O leite é mais indicado para utilização no corpo e na época estival.
- Creme: Fórmula indicada para xeroses atópicas severas. O creme pode ser utilizado no rosto e corpo. E é ideal para ser utilizado em associação com os corticosteroides tópicos que o médico indicou.
- Bálsamo: Ideal para xeroses atópicas muito severas. Pode ser utilizado no rosto e corpo. E também em complemento com a corticoterapia local.
6: Pele Atópica, como se previne?
Não se pode prevenir a dermatite atópica. O que é fundamental é adotar medidas que protejam a pele, que reduzam a secura e que a mantenham mais saudável.
No banho deve seguir as seguintes regras:
- Banho rápido, entre 5 a 10 minutos.
- Evitar água quente (a temperatura deve estar entre 30 a 34ºC).
- Não usar esponjas (de preferência utilizar as mãos).
- Usar detergentes sem sabão com propriedades calmantes que não tenham na sua formulação nem perfumes nem conservantes.
- Secar a pele suavemente, sem esfregar.
Os cuidados a ter em casa são:
- Arejar a casa tanto no Verão como no Inverno.
- Aspirar 3 vezes por semana para eliminar pó, pelos de animais, ácaros…
- Eliminar alcatifas, tapetes, almofadas e os edredões de penas.
- Utilizar lençóis de fibras naturais, como o algodão.
- Evitar o uso excessivo de cobertores na cama para evitar a transpiração.
- Não usar bonecos de peluche.
- Proibir o tabaco em casa!
Também há que ter atenção à roupa:
- Evitar agasalhar demasiado (a transpiração favorece a comichão).
- A roupa deve ser 100% algodão.
- O calçado deve ser de couro e as meias de algodão de modo a permitir um excelente arejamento.
- Utilizar um detergente normal, mas enxaguar muito bem e não usar amaciador.
- Evitar estender a roupa no exterior durante os períodos de polinização.
Outros cuidados a ter são:
- Após ir à piscina tomar logo um duche e aplicar um produto emoliente em seguida. Se possível usar um creme barreira antes de ir à piscina.
- O suor tende a agravar a dermatite atópica e, por esse motivo, é recomendável tomar banho após a prática de desporto e aplicar em seguida um produto emoliente para evitar o prurido.
- Manter as unhas curtas pode ajudar a reduzir o dano causado à pele prurido e diminui as probabilidades de infeção.
Em resumo, identificar os fatores que desencadeiam o eczema pode ajudá-la a gerir melhor a sua pele e a pele do seu bebé. Por vezes pode ser difícil identificar o que favorece o seu aparecimento, mas é importante estar particularmente atenta a produtos irritantes, alergenos presentes no ambiente e também alergenos alimentares.
Apesar das alergias alimentares poderem contribuir para o aparecimento do eczema, consulte sempre um médico antes de retirar qualquer alimento da alimentação deles.
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Fontes :
https://www.dermatiteatopica.bayer.pt